sábado, 31 de março de 2012

Vicissitudes


Vicissitudes

  

   A ciência e o amor sempre foram os perfumes que me seduziram desde a mais tenra idade de minha consciência..

  Minha sensibilidade, minha porção de inteligência concedida, não me deixava sentir outros perfumes com tanta intensidade.

  Se eu tivesse que escolher hoje entre estas duas paixões, entre estes dois amores maiores: o próprio ato de amar e o de conhecer, eu escolheria, francamente, a sedução do amor em suas mais variadas formas pelas pessoas; porque ao contrário somente os “louros” que pudessem chegar a mim em minha carreira de cientista ( neófita) nunca poderiam me esquentar o corpo e alma, com aquele calor que só pessoas podem transmitir e esse calor chega à alma fazendo-a acalmar-se: nutre-a!
  Mas se o”destino”, “Deus”, a “vida” me permitissem sentir estes dois perfumes, estas duas delícias, amar e conhecer verdades da vida...eis tudo pelo que clama minha vocação existencial presente.
  E eu falo não só em nome de meu presente, mas antes  de tudo, de meu passado, quando criança a capacidade de sonhar, de criar e de executar idéias e sentimentos era esplendorosa! Aquela criança cuja luz de vida refletia intensamente  tem me ditado formas e conteúdos  pelos quais construí e continuo a construção de minha vida.
  Aquela criança era maior, era “mais” grande, era uma chama intensa de vontade de viver, mas de viver assim: especialmente...sendo ela mesma.
  Algum dia  terei certeza de qual “sentença” me foi outorgada pela dinâmica da vida : se descobrir que         não pude amar   e  conhecer verdades da vida numa MESMA INTENSIDADE DE CONCRETIZAÇÃO, estarei consolada por ter podido fazer um dos dois bem feito, de ter sentido o perfume de um dos dois intensamente.
  Paradoxalmente, não me agradam muito os paradigmas (porque sou cientista), mas  um  da ciência psicológica me envolve de forma interessante: “ estar em estado de amor é a maior e mais significativa forma de viver.”
  Afinal é o amor perpassando a vida dos homens que  constitui o objetivo final de todos os caminhos criados por nós homens, desde o mito até  à ciência.



  
SILVIA MARIA  GIUBILEI DE SENA FERREIRA

(2003)